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Na esteira argumentativa de que “cotas abrem portas”, pesquisadoras(es) de diversas partes do país, com estudos, teorias, metodologias e embocaduras diferentes reuniram-se no “1º Seminário Caleidoscópio das Ações Afirmativas”. O evento aconteceu nos dias 19, 20 e 21 de setembro, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP.

A palestra de abertura “Efeitos e impactos das políticas afirmativas na modalidade de cotas nas universidades públicas brasileiras e os novos desafios”, ministrada pelo professor Drº Kabengele Munanga, nosso griô, foi como um dínamo e trouxe o tom do que seria o evento: diagnósticos dos impactos e das multidimensionalidades das ações afirmativas com recorte racial, bem como os horizontes de expectativa e táticas para as ações frente aos desafios.

No segundo dia, três mesas redondas aprofundaram as discussões sobre as nuances da permanência estudantil para discentes cotistas, as agências criativas e os coletivos negros universitários e reflexões sobre a presença negra na pós-graduação. Pela manhã, Acácio Almeida (UFABC), Paula Barreto (UFBA), Andrea Lopes (UNIRIO) fizeram falas sobre “Ações afirmativas e políticas de permanência estudantil”, esta mesa contou com a mediação de Maria Nilza (UEL). Com olhar de gestão universitária e ações no tripé ensino, pesquisa e extensão essas(esse) pesquisadoras(pesquisador) propuseram um olhar sobre as demandas que precisam ser articuladas ao pensar a continuidade das ações afirmativas para permanência de estudantes cotistas.

No período da tarde, com a mediação de Regimeire Maciel, as pesquisadoras Milena Mateuzi (UFABC), Luciana Mello (UFRGS), Dulci Lima (SESC-SP) apresentaram pesquisas na mesa “Coletivos negros, interseccionalidade e demandas decoloniais: mudanças à vista”. Essa mesa apontou como que os novos públicos que chegaram às universidades trazem consigo modos diferentes de perceber a realidade, seja por serem a primeira geração universitária e/ou por serem pessoas negras. Fechando os trabalhos do segundo dia, a mesa “Ações afirmativas na pós-graduação: algumas experiências”, as professoras Laura Moutinho (USP), Antonádia Borges (UFRRJ), Eliane Alves (UFABC) apresentaram pesquisas e ações para as ações afirmativas na pós-graduação. Sob a mediação do Pedro Lopes (UFRJ-UFABC), falaram sobre experiencias de ensino de idiomas para efetiva integração de discentes negros(as/es) no ensino superior, cursos preparatórios para ingresso na pós e disputas para implementação das ações afirmativas também em nível stricto sensu.

O terceiro dia começou com a mesa “Populações indígenas e quilombolas nas universidades”, um olhar das pesquisadoras Raimunda Santos (IFRR), Givânia M. da Silva (CONAQ), Isabel Taukane (UnB) e mediação da professora Edineia Tavares (UFS). Momento importante para pensar as ações afirmativas para e com povos tradicionais que propõe novas epistemologias, trazem diversidades e contribuições, mas também desafios da permanência estudantil para além de auxílios financeiros. Ademais, a mesa trouxe um olhar Norte-Nordeste-Centro-Oeste para repensar esse Brasil continental.

Na sequência, a discussão foi entorno de “Cotistas egressos das universidades públicas: o que pensam e o que fazem”. Nesta mesa, foram apresentados resultados de pesquisas de abordagem qualitativa e quantitativa sobre egressos cotistas com Beatriz Azevedo (UFABC), Janaína Damasceno (UERJ), Suely Messeder (UNEB) e mediação de Pedro Jaime (FEI-SP). As pesquisadoras estudos que realizaram sobre as realidades da região do ABC Paulista, Rio de Janeiro e Bahia com distintas metodologias apontaram como as cotas modificam a academia e a sociedade.

Fechando os trabalhos no mesmo ritmo a mesa “Dilemas e perspectivas das ações afirmativas. Após mais de vinte anos de ações afirmativas nas universidades brasileiras que balanço pode ser feito?”, pesquisadoras(es) experientes como professor Antônio Sérgio Guimarães (USP), Joaze Bernardino (UnB), Matilde Ribeiro (UNILAB) e mediação de Paulo Sérgio C. Neves (UFABC) finalizam o evento com afro-otimismo..

O seminário se fez síntese do que é e segue sendo a Rede de Pesquisa “Caleidoscópio das Ações Afirmativas” que tem como eixo articulador de pessoas, pesquisas, teorias e metodologias, instituições e potência para refletir e transformar as políticas afirmativas no país.

Foto: Jean Paz (SESC)