Sou mestranda em Antropologia na Universidade de São Paulo (PPGAS/USP), sob orientação da Profª Drª Laura Moutinho, com projeto de título “A transformação inacabada: (re)pensando a África do Sul democrática a partir de mobilizações recentes por descolonização” e integrante do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS/USP). Possuo bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais também pela USP. Sou educadora popular e atuo voluntariamente como professora e coordenadora na modalidade online do Cursinho Comunitário Prestes Vestibulares. Meus interesses de pesquisa são: marcadores sociais da diferença, interseccionalidade, ensino superior, descolonização.
Meu envolvimento com pesquisa não é com o tema de ações afirmativas no Brasil, mas sim com movimentos estudantis sul-africanos, que estão reivindicando a descolonização do ensino superior no país, tema do meu mestrado, iniciado em 2023. Certamente minha pesquisa e a participação no projeto Caleidoscópio abrem caminhos para projetos futuros com reflexões comparadas a cerca dessas duas democracias recentes, Brasil e África do Sul, e as respostas que têm dado às desigualdades, sobretudo no campo da educação superior. O tema conversa também com a minha atuação no campo da educação popular, atualmente integrando o corpo de pessoas voluntárias do Cursinho Comunitário Prestes Vestibulares, onde oferecemos uma preparação pré-universitária para pessoas de baixa renda, principalmente pardas e pretas, de diversas idades. Além disso, o tema toca minha trajetória acadêmica. Fui estudante de cursinho pré-vestibular popular e sou a primeira da família materna, interracial, a acessar a Universidade pública. Hoje, acesso a pós-graduação em Antropologia da USP por cotas raciais, como uma pessoa parda. Por fim, estou envolvida na produção do podcast de divulgação científica do projeto Caleidoscópio, tendo já participado da produção do podcast Ecos Pandêmicos, uma parceria entre os departamentos de Antropologia e Saúde Pública da USP; e considerando a divulgação externa uma faceta importantíssima do trabalho científico, sobretudo neste projeto, cujo tema interessa grandemente àqueles e àquelas que ainda não puderam acessar as Universidades.
Este projeto de mestrado tem como objetivo interpelar etnograficamente os debates e as mobilizações atuais acerca da transformação e do esforço de descolonização do ensino superior na África do Sul. Espero me aproximar do ponto de vista dos estudantes black, protagonistas das reivindicações recentes, como o movimento Rhodes Must Fall, que também se ancorou fortemente em uma perspectiva interseccional. Além de perscrutar um debate caro ao país, sobre o papel das Universidades sul-africanas, este tema me permitirá situar as disputas narrativas ao redor da jovem democracia do país e das políticas neoliberais adotadas após a transição democrática. Mais especificamente, objetivo pesquisar sobre o tema na Stellenbosch University, fundada no período colonial por africânderes e, de modo comparado, explorar esse movimento na University of the Western Cape, fundada durante o apartheid para estudantes coloured. A hipótese dessa proposta de pesquisa é de que as narrativas em disputa também articulam diferenciados projetos de nação. Pretendo também interpelar etnograficamente as categorias democracia e neoliberalismo, visando observar como as políticas adotadas vêm impactando as relações sociais nesses campi.