Pedro Lopes é Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), com período sanduíche em Princeton University (Estados Unidos, mestrado) e Stellenbosch University (África do Sul, doutorado). Foi professor do Departamento de História da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura Urbanismo entre 2014 e 2023 e, entre 2021 e 2023, foi co-coordenador do curso de pós-graduação lato sensu “Cidades em Disputa” na mesma instituição. Entre 2020 e 2022, atuou como professor visitante oferecendo disciplinas no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e no Programa de Pós-Graduação em Educação, ambos da USP. Atualmente, é professor substituto no Departamento de Antropologia Cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); realiza pós-doutorado como pesquisador colaborador no Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PPGCHS) da Universidade Federal do ABC (UFABC); atua como vice-coordenador do Comitê Deficiência e Acessibilidade (CODEA) da Associação Brasileira de Antropologia (ABA); e é pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS/USP) e do Grupo de Estudos e Pesquisas Diferenças, Deficiências e Desigualdades – Intersecções no campo da educação (FEUSP). Tem trabalhos principalmente nos seguintes temas: antropologia, educação, marcadores sociais da diferença, deficiência, deficiência intelectual, gênero, sexualidade, raça, acessibilidade, Ensino Superior, ações afirmativas, Brasil e África do Sul.
Contato: pedrrolopes@gmail.com
Minha trajetória desde a graduação voltou-se intensamente à reflexão sobre deficiência, na chave dos marcadores sociais da diferença e interseccionalidade. No mestrado, dediquei-me a pesquisar as relações entre pessoas adultas com deficiência intelectual que frequentavam as atividades de uma empresa de lazer em São Paulo – ou, como se dizia naquele contexto, “pessoas especiais”. No doutorado, que resultou na tese “Deficiência na Cabeça: percursos entre diferença, síndrome de Down e a perspectiva antropológica”, ampliei o escopo de investigação para arenas ativistas, de mídia e indústria cultural, com foco nas representações da síndrome de Down. Para a análise desses cenários e materiais, cotejei nosso crescente referencial brasileiro com as produções dos Estudos da Deficiência realizadas nos Estados Unidos e na África do Sul, argumentando pela importância de se “colocar na cabeça” a temática da deficiência na pesquisa socioantropológica engajada com a produção de justiça e equidade. Esse percurso conduziu-me a uma reflexão sobre os lugares de produção de saber, com particular atenção ao cenário universitário, tanto na pesquisa sobre autorias “defiças”, quanto sobre o ingresso, a permanência, o sucesso e a participação de estudantes com deficiência no Ensino Superior. Meu trabalho nessa frente tem se conjugado com a atuação em organizações científicas – desde 2019, integro o Comitê Deficiência e Acessibilidade da Associação Brasileira de Antropologia e em 2023 assumi sua vice-coordenação – e outras ações no sentido da promoção da acessibilidade e das ações afirmativas. Em 2023, iniciei a pesquisa “Pessoas com deficiência no Ensino Superior: horizontes e experiências desde a UFABC” junto ao Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais (PPGCHS) da Universidade Federal do ABC, articulada ao Projeto Caleidoscópio.
Nos últimos 20 anos, o acesso ao Ensino Superior no Brasil passou por uma notável ampliação e diversificação. Particularmente importantes nesse processo são as ações afirmativas, originalmente desenhadas para a inclusão em termos raciais e sociais. Esse cenário vem sendo acompanhado com atenção por um amplo conjunto de pesquisadoras e pesquisadores, a partir de entradas bastante variadas. A proposta desta pesquisa é deter-se sobre o caso das ações afirmativas voltadas a pessoas com deficiência. O ingresso, a permanência, o sucesso e a participação de estudantes, em geral, e de estudantes com deficiência, em particular, têm apresentado desafios, cujos sentidos demandam investigação. Ao entrar na universidade, as situações de deficiência como uma diferença social – interseccionadas à raça, gênero, classe e sexualidade –, tanto combinam-se com fatores estruturais potencializadores de exclusão, como produzem linguagens e espaços de reivindicação e mobilização. O objetivo geral desta pesquisa é contribuir com os trabalhos nessa seara a partir de uma investigação das experiências de estudantes com deficiência na Universidade Federal do ABC.
Palavras-chave
Deficiência; Ensino Superior; Ações Afirmativas; Acessibilidade.