Lídia Carla Araújo dos Santos

É ativista antirracista do Instituto Braços e Movimento Nacional de Direitos Humanos de Sergipe. Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS/Bolsista Capes). Mestra em Direitos Humanos pela Universidade Tiradentes (UNIT/2016/Bolsista Capes/FAPITEC); Pós-graduada em Gestão de Saúde Pública e Saúde da Família pela Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe (FANESE/2007). Bacharela em Serviço Social pela UFS/1999. Integra o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI-UFS), o Grupo de Estudos e Pesquisa Identidades e Alteridades: diferenças e desigualdades na Educação (GEPIADDE-UFS). É pesquisadora do Caleidoscópio das Ações Afirmativas: avaliação, experiências alcances das políticas de Cotas nas universidades públicas (CNPQ). Tem experiência em temáticas relacionadas aos Direitos Humanos, Assistência Social, Criança e Adolescente, Igualdade Racial, Gênero, Políticas Afirmativas, Participação e Controle Social, tendo recebido a Medalha de Direitos Humanos “Dom José Vicente Távora”, em 2018, no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe; Troféu Tosta Passarinho, em 2023; Alma Africana, em 2022; Prêmio Zumbi, em 2015; Amiga dos Quilombolas, em 2012; Mulher Guerreira, em 2009, os cinco últimos reconhecimentos de coletivos negros de Sergipe.

CV: http://lattes.cnpq.br/4572538775841578

Envolvimento com pesquisas sobre políticas de ações afirmativas 

Sou fruto das políticas afirmativas por meio do acesso a bolsas de estudo que se iniciou em 2010, quando fui Bolsista eleita do Programa Internacional de Bolsas da Fundação Ford (IFP) – primeira iniciativa de ação afirmativa internacional para a pós-graduação desenvolvida no Brasil, com oferta de bolsas de pós-graduação para candidato/as de cor/raça preta, parda e indígena, moradores/as, preferencialmente, das regiões norte, nordeste e centro-oeste).  Esse investimento se repercutiu apenas no ano de 2014, quando fui aprovada no Mestrado em Direitos Humanos e que só consegui realizar em razão da concessão da Bolsa Capes/Fapitec. Após o término do Mestrado em 2016, uni o ativismo no movimento social a experiência de gestão e fui a primeira Diretora de Direitos Humanos do município de Aracaju, responsável pelas Políticas de Promoção da Equidade, Pessoas com Deficiência, LGBTQIPNA+, Mulheres e Igualdade Racial, pautadas pelas ações afirmativas. Foi em minha gestão que se instalou o Conselho Municipal de Participação e Promoção da Igualdade Racial (criado por lei em 2005), fruto da luta do movimento negro de Sergipe. Em 2019-2021 fui professora substituta no Departamento de Serviço Social da UFS, e me integrei ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI-UFS). Em plena Pandemia da Covid 19, participei virtualmente de uma série de formações relacionadas as políticas afirmativas, bancas de heteroidentificação, cotas raciais de âmbito nacional promovidas pela UFOP, UERJ, CESGRANRIO, outros. Participei ativamente dos debates que envolveram as denúncias de fraudes das cotas raciais na UFS, das bancas de heteroidentificação e me inseri no Grupo de Estudos e Pesquisa Identidades e Alteridades: diferenças e desigualdades na Educação (GEPIADDE-UFS). Participei ainda do Curso Preparatório para Inserção de estudantes negros/as e indígenas na Pós-Graduação promovido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Trabalho, Questão Social e Movimento Social (GETEQ/NEABI-UFS) e finalmente fui aprovada no segundo semestre de 2022 no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGED-UFS), em nível de doutorado, onde me insiro atualmente na condição de bolsista CAPES. Por fim, minha trajetória é totalmente atravessada pelas políticas afirmativas. Mais recentemente, passei a integrar a equipe nacional do projeto “Caleidoscópio das ações afirmativas”, em âmbito do CNPQ.

Resumo do projeto

A pesquisa intitulada tem por objetivo analisar a relação existente entre as práticas educativas de controle social sobre as cotas raciais protagonizadas pelo Movimento Negro Educador de Sergipe e a cotas raciais na UFS, com foco para o acesso de estudantes negros/as e para os mecanismos de monitoramento e fiscalização de prevenção das possíveis fraudes nesse espaço. A questão central e norteadora da pesquisa é: Como se processou a relação existente entre as práticas educativas de controle social das cotas raciais protagonizadas pelo Movimento Negro Educador de Sergipe e a efetivação desta política nesse mesmo espaço, a partir de 2019, quando houve a formalização de denúncias de fraudes pelo Coletivo de Estudantes Negro Beatriz Nascimento (CNBN), no Ministério Público Federal (MPF-SE). Para tanto pretendemos: 1. Mapear os/as sujeitos/as sociais, que estiveram envolvidos/as diretamente no controle social das cotas raciais da UFS; 2. Identificar os campos de disputas presentes na relação estabelecida entre o movimento negro e a direção da UFS para caracterizar nesse âmbito como as práticas educativas de controle social das cotas raciais se processaram nesse espaço; 3. Identificar e analisar os impactos repercutidas na implementação da política de cotas raciais na UFS, a partir das práticas educativas de controle social. O referencial teórico se alinha as Epistemologias Abissais do Sul no contexto da Decolonialidade e Filosofias da Libertação e da Educação Transgressora, com os recortes para o enfrentamento do racismo estrutural e o Movimento Negro Educador, dentre os quais se encontram Gomes (2017), hooks (2017), Almeida (2020), Bento (2009), Freire (2003) e Maldonaldo Torres (2020).